quinta-feira, 17 de maio de 2012

Perspectivismo... será que ajuda?



Aula Christian Dunker 17.05.2012 - usp

Referências:
1999 – Miller. A clínica borromeana in A psicose ordinária. Paidos.
2003 – Soler, C. A querela dos diagnósticos. Letra viva.
2003 – Melman, C. O homem sem gravidade com... de Freud.
2008 – Lebru, J. P. A perversão comum. Companhia de Freud.
2002 – V. Viveiro de castro. A inconstância da alma selvagem.

Psicopatologia:
a)      Antropologia – cadeia significante
b)      Histérica – Nó borromeano – junção de três toros

a)      Antropologia

Estrutura clínica


b)      Histeria
Clínica Borromeana.

Miller - Psicose ordinária (neopsicoses)
Compensada, não desencadeada, medicada, evoluída, sinthomatizada (sinthoma: atividade ou estado de um, estrutura rsi, em oposição ao sintoma: formação de compromisso, estrutura de metáfora).
Na nova diagnóstica, introduzida por Miller no texto A clínica Borromeana em A psicose ordinária (1999), a diferença está na articulação RSI e o um, o generalizável, o comum é a estrutura antropológica.


A psicose entra como mais um arranjo do nó borrameano, como o geral. O particular seria como cada ser humano viveria seu nó e seu sinthoma, daí viria o particular.

Colete Soler

O que seria o sinthoma em relação ao sintoma?
Lacan analisa 3 psicoses: de Schreber, do RSI, e a psicose lacaniana. Daí Lacan conclui que o RSI está para Lacan assim como o realidade simbólica está para Freud.
Tanto Soler quanto Miller enfraquecem o eixo natureza e cultura e fortificando a diferença indivíduo social.
·         Existe uma hierarquização de registro no modelo antropológico (SIR), que trás a significação pelo modelo fálico.
·         No modelo borromeano existe uma autonomia dos registros, o simbólico é descasado do imaginário e do real.     


·         O Real é inacessível.
·         O Real do ultimo Lacan é ligada a biologia: experiências do corpo, gozozas, vivente, habita o corpo. Muda o foco do sujeito falado, sem corpo para o sujeito de corpo.
·         Lacan volta a falar de Natureza (começou no estádio do espelho).


Charles Melman-  O homem sem gravidade

Pontos apontados na entrevista das mudanças do contemporâneo:
·         Cultura feminilizada
·         Criança generalizada
·         Todos vitimas
·         Irresponsáveis com relação ao gozo
·         Aditivos: dependendo de álcool, tabaco
·         Matriarcais
·         Excessos: ultrapassagem de limites
·         Histero-paranóia: novo tipo de compleição da histeria (passividade, loucura, polo da natureza), ligada a agressividade.
O Outro mudou, então ou suspende-se a teoria anterior ou o objeto que é diferente.

Christian Dunker

·         Existem 4 modelos de razão diagnóstica dentro do Lacan: Estruturas clínicas, 3 registros, teoria dos 4 discursos e t da sexualidade.
·         Não se deve hierarquizar os modelos.
·         A psicanálise herdou junto com a antropologia cultural o totemismo. A diferença com a alteridade é marcada pela diferença entre o eu e o outro, existe só uma natureza e várias culturas, um real e várias culturas.
·         Quando discutimos a incidência do nome-do-pai estamos discutindo o totemismo, se ele nos explica ou não.
·         Xamã = psicanalista (como aquele que vai introduzir o mito e o rito de onde vem a lei)

Eduardo Viveiro de Castro
(leitor de Deleuze)

Vai estudar os araweté, da Amazônia. Grupo onde o totemismo não regia as relações.
·          No sistema totêmico existe o sacrifício e canibalismo que produzem uma metáfora que gera simbolização.
·         No animismo só existe uma perspectiva que é a do homem que vê todo o resto, a perspectiva é constante e os objetos variam. O que há é a perspectiva. Só existe uma cultura e várias naturezas.
·         PERSPECTIVISMO: Só uma perspectiva. É um anti-humanismo. O humano comporta o inumano (animais, monstros...)
·         Há uma perspectiva que é a do humano e diferentes naturezas, multinaturezas, várias e inapreensíveis.
·          Real para Lacan (inapreensível) é o multinaturalismo.
·         No encontro eu preciso calcular diante de quem eu estou e quem eu sou. A identidade não é determinada.
·         Encontro na mata, no Lacan esse encontro parece no seminário da angústia na história do Louva-deus.
·         No perspectivismo se evita alguns pronomes como EU, pois só existe o eu em relação ao outro.
·         Existe uma leitura deficitarista da desordem, considera tudo o que está fora da ordem como desordem e não uma nova ordem.

Psicólogo- xamã
Xamã horizontal: aumentar o nós e isolar o diferente
Xamã vertical: valoriza os valores, retorno a essência do eu.
Xamã transversal: ver por baixo das vestimentas, mutante, fala várias línguas que pode equalizar diferentes perspectivas tendo em vista uma finalidade prática. Precisa viver uma indeterminação. Ele mata um inimigo e revive o lugar de quem ele matou e é tratado pela sociedade como inimigo, depois ele pode virar  um xamã.
·         Xamã é indeterminado como o curinga.
·         Para os arawétes a regra é a quarta posição, de virada (Fa – 1 y). è uma cultura de dupla torção.  

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Paulo Endo

Matéria incrível!!
Paulo Endo         
1)  Toten Tabu    
O esquecimento do assassinato do pai na psicanálise. Pierre Fedida.O sítio do estrangeiro.      
Seminário 17 – O avesso da psicanálise 


2) Freud e Agamben       
Homo sacer I         
Psicologia das Massas


3) Freud e Benjamin
“Texto sobre algum texto em Boudelair”. Walter Benjamin: preocupação sobre o estatuto do trauma na literatura. Consequências dessa proposição de trauma em Benjamin par a psicanálise.        
Mais além do princípio do prazer 


4) Freud e Norbert Elias (médico – escreveu sobre psicossomática)        
Processo civilizador II. Norbert Elias.       
Sú dela de Freud – Elias  
Mal estar na civilização 


5) Freud e Laclau         
Sobre o populismo         
Psicologia das massas 


6) Memória          
Interpretação dos sonhos         
Afogados e sobreviventes – primo Levi         
Retrato calado – Salinas fortes         
Memórias do cárcere – Flavio Tavares




Resenha do Texto:



ENDO, Paulo. A ressurgência da tirania como elemento originário da política. In entreAto: o poético e o analítico. Nina Virgínia de Araújo Leite, J. Gullhermo Millán-Ramos (org). Mercado das Letras: Campinas- SP, 2011.

HIPÓTESE
·         Atribuições dadas ao regime Brasileiros como não-estado de direito - juridicamente constituído mas que não se consolida na prática, democracia disjuntiva - que acumula conquistas sociais, políticas e jurídicas com alto grau de desrespeito a essas conquistas, ou democracia paradoxal (Angelina Peralva) – a melhoria de índices sociais não conduziram a maior participação política mas ao individualismo de massa, expressa a coexistência de organizações políticas distintas, produzindo efeitos inconciliáveis.
·         O poder soberano é exercido pelo meio jurídico e torna certas vidas, homo sacer, matáveis.
·         Homo Sacer = Homem-tabu (pré-linguagem, pré-fraternidade, pré-lei) = Criminoso.
·         Homo Sacer: mantém a imagem de unidade do sistema, sem falta, sem a contradição, sem o disruptivo do real que vem quebrar toda a unidade, pois esta é sempre imaginária.

ARGUMENTOS
1.       No irrepresentável da política é instalada a vida nua, e o poder soberano é o instrumento que a instala.

2.       Sobre esse irrepresetável de  atrocidades são instalados os Tabus, como demonstra Freud em Toten e Tabu.

3.       Agamben
a.       Bios é o reino da ética e da moral onde se manifesta o juízo.
b.      Zóe, vida nua: é a vida natural e biológica.
Para Benjamin a vida nua é “Onde cessa o domínio do direito sobre o vivente”. Para Agambém é preciso manter o paradoxo, a vida nua é onde só o direito pode alcançar o vivente, lugar onde a vida foi excluída por sua inclusão. A vida torna-se matável pela ordem do poder soberano, juridicamente construído. Assim,o poder jurídico torna o vevente excluído, aniquilado e matável.  
c.       A pesquisa de Agamben trata do ponto oculto entre o modelo jurídico-institucional e o modelo biopolítico de poder, que para ele foi ignorado por Foucault. Ou seja, ele reinscreve o poder soberano como atuante e se foca no ponto entre um modelo e outro.
d.      Para esse autor a biopolítica é tão antiga quanto a exceção soberana. 
e.      O paradigma do Estado de exceção são os campos de concentração. Indivíduo é reduzido a pura zóe, animalizado, corpo privado de sua diferenciação, absolutamente controlado e aniquilado. Massa aniquilada entre vida e morte, pois está predestinada ao extermínio. Morte sem luto. 

4.       Foucault
a.       Para Foucault a noção sobre o poder soberano se enfraquece dando lugar ao biopoder, os micorpoderes e os dispositivos, que são os mecanismo da biopolítica. Ou seja, as formas de controle jurídico estariam dando lugar às formas de controle biopolítico.  

5.       Agamben x Foucaul
a.       “O ponto de inversão e inflexão de Foucault, para Agamben, foi justamente revelar que a zóe, enquanto tal, fora absorvida, na modernidade, como elemnto de controle político, e como tal biopolítico. Ou seja, as próprias condições naturais e animais do homem teriam sido absorvidas no campo dos elementos sobre os quais o poder político também se exerce” (p.493).
b.      Para Agamben as formas de poder coexistem, “o exercício do poder jurídico repousa sobre bases biopolíticas, porém como formação paradoxal em que no próprio direito já se tem instaladoos princípios da ativação radical da biopolítica pela via do estado de exceção e da soberania” (p. 494). Ou seja, a mudança não se da no nível do exercício do poder somente, mas nas formulações jurídicas já há influência do biopoder e da soberania.
c.       Trata-se de uma radicalização do argumento foucaultiano.
d.      CORREÇÕES (Homo Sacer I): 1) Agamben desloca o problema da biopolítica para o poder soberano a partir dos estudos sobre o Estado de exceção do direito romano arcaico; 2) a biopolítica não é uma novidade moderna e não esta deslocado do poder soberano. 

6.       Freud
a.       A exceção é onde o excesso se expressa.
b.      Frente a vida no campo e a morte sem luto o testemunho e a luta pela sobrevivência se inscrevem como pulsão de vida.
c.       O esquecimento aqui não é obra do recalque, e sim do aniquilamento do sujeito.
d.      Segundo Agamben O poder do magistrado é o poder do pai, estendida a todos os cidadãos, ou seja,o poder do pai tirânico da horda.
e.      Os primeiros sistemas penais nascem enlaçados com o tabu
f.        Homo sacer: “com ele se realiza o fantasma da unidade indivisível em que ele figura, como excresência, resto, paradoxo” (p.500).
Criminoso = homem-tabu (homo sacer), doente, malcheiroso, contagioso. Deve ser eliminado.


Coisa boa deve ser compartilhada. 
Aline

Retorno

Bom, a cada dois anos tento começar esse blog. Vou tentar mais uma vez, agora com o que descobri que sei fazer de melhor ser 1/2, metade, nunca inteira, nunca o suficiente mas sempre buscando.

Pretendo compartilhar aqui as coisas que  tenho lido para minha pesquisa de mestrado, as disciplinas, os trabalhos, as anotações de palestras, as resenhas de livros, os filmes, as poesias... e principalmente todo o material que pode ser usado e compartilhado como informação (inclusive trabalhos antigos que podem ser usados como modelo).

Só é possível pedir que todos entendem que as resenhas e resumo de aulas são o meu entendimento, e não as palavras exatas do autor. Há SEMPRE uma distância entre o que foi falado e o que desejamos escutar, e essa viagem que a linguagem precisa percorrer é "travessia", como diria Riobaldo, não é a chegada nem a partida.